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Na zona rural de Macieira da Lixa, num pequeno complexo agrícola já parcialmente desativado, pretendia-se a conversão de um sequeiro em habitação para férias e fins-de-semana.

 

Tratava-se de um tipo de abrigo que noutros tempos serviu para armazenar e expor à ação do sol e do vento os cereais e grande parte dos frutos da terra, complementando a função da eira que lhe é adjacente. Implantado na perpendicular ao lado norte do pátio, complementado pela eira, encontrava-se o sequeiro, ainda de pé, mas já em ameaçadora ruína.

 

A construção era rudimentar. Levantada em paredes espessas de alvenaria de pedra, onde se encerrava a sua volumetria, abria-se numa estrutura porticada (esteios e lintéis) de granito na sua relação com a eira e o terreiro, abrindo para poente mais dois vãos (independentes desta estrutura) de diferentes dimensões. A resposta ao programa levou à criação de um acrescento ao sequeiro. A nova construção surge da ideia de ter um espaço mais intimista (escritório / quarto) no piso térreo, que fosse facilmente acessível e se tornasse autónoma pela junção de uma instalação sanitária. O restante programa distribuía-se pelos dois andares do sequeiro: sala de estar/jantar e cozinha em baixo; e dois quartos e uma casa de banho no piso superior.

Articulada com o sequeiro através de um pequeno vestíbulo, a nova construção descola desta, permitindo leituras temporais separadas, mas que inevitavelmente se tocam pela partilha do mesmo espaço físico. De volumetria pura e cuidadosamente dimensionada, a construção complementar exige para si um novo protagonismo, não na tentativa de confrontar o pré-existente, mas de procurar um entendimento entre as suas identidades, agora fundidas no interior da vontade de transformação que anima o projeto.

 

O espaço interior está disposto de tal forma que as zonas de maior permanência são desenhadas numa relação de continuidade e extensão entre o interior e o exterior. Apesar da previsão de uma entrada mais convencional e localizada, o principal acesso ao interior da habitação é, afinal, a eira que, materializada numa laje de pedra, constitui uma extensão externa da área habitacional, mantendo também o piso de granito pré-existente. Este é assumido como o espaço central da habitação, tanto em relação ao terreno circundante, fornecido pela estrutura pórtico que o delimita, como na transição para os restantes espaços interiores.

Localização. Macieira da Lixa, Portugal

Data. 2004 | 2014

Arquitetura. José Gigante, Ângelo Lopes, M. Fernando Santos

Colaboração. Pedro Barata Castro

Fotografia. Luís Ferreira Alves

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